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27/10/2021

EDUCAÇÃO

Projeto de Equoterapia amplia confiança e independência de alunos da APAE São Marcos

Sob o olhar atento dos instrutores do projeto de Equoterapia, 15 alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Marcos participam semanalmente de aulas multidisciplinares que envolvem a montaria nos cavalos ‘Tubiano’ e ‘Estrela’, para otimizar o desenvolvimento de quem possui alguma necessidade especial. Atualmente são atendidos pacientes com autismo, déficit de atenção, síndrome de down e paralisia cerebral, todos supervisionados pelos instrutores Gustavo Zanol, que é equitador e estudante de Psicologia; Fernanda Santini, que é fisioterapeuta, e Rodrigo Folle, que é estagiário e também acadêmico de Psicologia.

Essa iniciativa é apoiada pela Prefeitura de São Marcos, que realiza repasses mensais de cerca de R$ 5 mil para o desenvolvimento específico dessas atividades. Além disso, R$ 20 mil mensais de recursos municipais e mais cerca de R$ 18 mil oriundos de repasse federal são destinados a entidade a fim de manter a estrutura e incentivar programas, projetos, e serviços realizados e que têm como objetivo promover e articular ações de defesa de direitos voltados à melhoria da qualidade de vida da pessoa com deficiência.

As aulas de equoterapia são realizadas todas as terças e quartas-feiras nas dependências da APAE, ao ar livre, com duração de cerca de 30 minutos. A entidade tem planos futuros para ampliar o espaço e construir um pavilhão para essas práticas. Além disso, conforme revelou o instrutor Gustavo Zanol, para o ano que vem o objetivo é utilizar também a Cancha de Laço Ricieri Bertolazzi, dentro do Parque de Eventos Prefeito Albino A. Ruaro, para ações especiais, com variação de velocidade da marcha do cavalo e percursos maiores, ampliando assim ainda mais a parceria com o poder público.

Além da montaria

A equoterapia consiste na interação com o cavalo, mas, como explicaram Gustavo e Fernanda, vai além da montaria, pois tem referência sobre a confiança do aluno (seja ele criança, adulto ou idoso) consigo mesmo e com o animal, processo que começa ainda no chão. Desta forma, os alunos são incentivados a conversar com os animais e a alimentá-los, aguçando os sentidos antes da interação física. Eles também já conhecem o passo a passo para montar, mesmo que o façam com auxílio do instrutor, e, uma vez em cima do Tubiano ou da Estrela, se sentem firmes e se permitem a movimentos como acertar uma bola na cesta de basquete e a deitar sobre o animal.

Gustavo destaca a importância das aulas para o desenvolvimento dos alunos na APAE e também em casa, em suas vidas pessoais. Inclusive, ele relatou a conquista de um dos participantes do projeto, o aluno Miguel Dorneles de Almeida. “O acréscimo na confiança da criança é gigantesco. Na primeira vez que ele montou, na mesma semana ele começou a dormir sozinho no quarto dele”, relatou o instrutor. Esse avanço mais tarde foi confirmado pelo pai, Anderson Prado de Almeida, durante uma sessão de Miguel. “Ele não tinha contato com cavalo antes. Foi um aprendizado aos pouquinhos, ele foi se aproximando e hoje já está montando sozinho”, contou o pai orgulhoso.

A equipe da equoterapia relatou que cada caso é único e há um processo para ganhar a confiança do aluno, “eles não montam na primeira aula, primeiro conhecem o cavalo”, explica Gustavo. A fisioterapeuta Fernanda Santini, que iniciou este projeto no município há cerca de 14 anos, explicou sobre o procedimento para um dos alunos iniciar as montarias: “ele chegou com um ursinho, colocamos esse ursinho no cavalo e levamos só ele passear, quando aproximamos o cavalo da rampa novamente, o aluno veio e montou”, descreveu Fernanda, comprovando que a técnica trabalha também com o lúdico e em parceria com as Terapeutas Ocupacionais da entidade.

O instrutor Gustavo Zanol reforçou que a equoterapia é dividida em quatro passos: a hipoterapia, educação e reeducação, o pré-esportivo e Prática Esportiva Paraequense. Segundo ele, a maioria dos alunos da APAE São Marcos está na segunda fase, a da educação e reeducação, quando, conforme ele, a equipe insere números, o abecedário e elabora circuitos estimulando os sentidos. “Ano que vem, o objetivo é levar os pacientes com mais independência para o campo, a fim de trabalhar em uma área maior, com galope e trote”, explica.

A última modalidade possibilita a participação nas paraolimpíadas, quando trata-se de um percurso pré-estipulado para o praticante cumprir, desenvolvendo maior domínio do animal e das práticas esportivas. Gustavo conta que conheceu a modalidade durante curso na área em Brasília e que há incentivos do governo para o esporte, com bolsas para os atletas, “quem sabe um dia a gente possa sonhar em fazer isso também”, projeta.

Quem acompanha esse projeto pode garantir que a equoterapia é capaz de abrir portas para um mundo de possibilidades e experiências e a sua eficácia, além dos estudos, pode também ser comprovada no sorriso dos alunos enquanto interagem com a Estrela e o Tubiano na APAE.